domingo, 16 de setembro de 2007

Num 11/09


Só hoje escrevo...

Escrever sobre a morte é dificil, não sei nada sobre ela, só a dor que me causa, e a confusão de me sentir mais só no mundo, mas seca na vida.

Perdi um amigo!

Depois do susto, a culpa. Por mais que esperasse esta notícia ela me chegou como um soco no estômago e me colocou de cara com a minha covardia! A dor de ver-te doente talvez fosse menor que a impotência de não poder te ver mais.

Ficaram as risadas, os sufocos, as piadas, as dores de barriga.
Peço que olhes por nós, de onde estiver...


Sigo com Vinícius de Moraes(*):


Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar,embora não sem dor,que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebemos quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ….
Alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônicae não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente,construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer …
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiamos talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.

(*)Não sei se esse texto é do Vinícius de Moraes, não achei no site dele...fica assim

3 comentários:

Anônimo disse...

Marta,
Fiquei lendo ao som do melancolico Piazzola
Seus amigos são nossos amigos porque compartilhamos algo em comun: A AMIZADE!
SAUDADES!

Marcus Cézar Belmino disse...

Marta!
Companhia sempre agradável e agora uma leitura agradável na net!
Adicionada aos meus favoritos!
Dá uma olhadinha lá no meu blog!
Beijos
Marcus Cézar

Edith Janete disse...

Olá,
dei uma passada por aqui e fiquei pensando em te convidar para dar um pulo nos mues blogs...mas um em especial: www.escrevendoamorte.blogspot.com ou ainda www.erupcao.blogspot.com
sei lá, achei que talvez gostasse...abraço